Apesar de ágio pago, Banco do Brasil não poderá vender produtos próprios de seguro nem previdência na Nossa Caixa
Grupo espanhol Mapfre tem exclusividade de venda de seguros e previdência nas agências da Nossa Caixa até o ano de 2025 SHEILA D’AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Grupo espanhol Mapfre tem exclusividade de venda de seguros e previdência nas agências da Nossa Caixa até o ano de 2025 SHEILA D’AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco do Brasil pagou, mas não levou todo o potencial de negócio da Nossa Caixa. Apesar de ter adquirido o controle do banco paulista, o BB não poderá vender os seguros de vida e previdência oferecidos por suas coligadas, a Brasilprev (previdência privada) e a Aliança do Brasil (vida), na rede da instituição. Para fazer isso, poderá ser obrigado a desembolsar mais dinheiro. Isso porque o grupo espanhol Mapfre tem exclusividade de venda desses produtos nas agências da Nossa Caixa até o ano de 2025.
O acerto com a Nossa Caixa foi firmado em maio de 2005, quando o banco controlado pelo governo do Estado de São Paulo vendeu o controle acionário da Nossa Caixa Vida e Previdência, empresa do grupo que atuava na área de seguros.
Pagando um ágio de 46,6%, o que rendeu R$ 225 milhões ao banco paulista, a Mapfre ficou com 51% da empresa e mais o direito de ser a única a vender seguros nas agências da Nossa Caixa por um prazo de 20 anos. Como só se passaram três anos, ainda restam 17 anos para o contrato terminar.
“No caso de venda da Nossa Caixa, o contrato prevê uma opção de saída se a Mapfre quiser. Mas não é nossa intenção”, afirmou à Folha Antônio Cassio dos Santos, presidente do grupo espanhol no Brasil. “Temos interesse em trabalhar com o BB. Somos um sócio eficiente para a Nossa Caixa. Mas isso depende de um interesse objetivo do banco e de uma proposta negocial interessante”, diz.
Compasso de espera
Segundo Santos, a Mapfre está tranqüila e aguarda a formalização da compra da Nossa Caixa -com a aprovação pelo Banco Central- para conversar com o BB. “Nosso contrato é rígido, bem montado e não existe nenhuma insegurança”, diz, ressaltando que a saída, nesse caso, seria a compra pelo BB dos 51% da empresa que pertencem à Mapfre.
Essa alternativa significa que o BB terá de gastar mais do que os R$ 5,38 bilhões acertados com o governo de São Paulo para assumir o controle do banco. “Ou paga e compra a parte da Mapfre ou ela pode continuar operando com a Nossa Caixa”, explica José Rubens Alonso, sócio da KPMG responsável pela área de seguros.
Qual será esse valor, porém, nenhuma das partes envolvidas comenta -o assunto deverá ser ainda objeto de uma intensa disputa empresarial. Segundo a Folha apurou, o BB inicialmente tem interesse em vender seus produtos em parceria com outras empresas, como é o caso do setor de previdência privada, onde o banco federal atua, com a sócia Principal, na Brasil Prev. A decisão, contudo, não foi tomada ainda e vai depender do preço.
A seu favor, para elevar seu preço de mercado, a Mapfre conta com o fato de ter tido um bom desempenho nos últimos anos. “Somos um case, fizemos três milhões de apólices de vida nesses três anos”, gaba-se Santos.
Análise dos números da empresa mostra que nos seis primeiros meses após a compra, o patrimônio líquido (PL) da Nossa Caixa Vida e Previdência caiu R$ 14 milhões, chegando a R$ 20 milhões. No último dado disponível, com base em junho deste ano, o PL era mais de cinco vezes maior: R$ 107,546 milhões.
“A empresa também lucrou R$ 47 milhões no primeiro semestre deste ano. É uma outra empresa com um desempenho exitoso”, diz Luiz Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Rating. Segundo Santacreu e Alonso, o PL é importante porque serve de referência para avaliar a precificação de uma empresa.
Para se ter uma idéia, o negócio mais recente do setor, fechado em julho deste ano e formalizado no último mês, foi a compra de 87% da companhia de seguro Minas Brasil, pertencente ao banco Mercantil do Brasil, pelo grupo suíço Zurich. O preço da operação foi equivalente a 2,1 vezes o patrimônio da empresa.
O BB, por exemplo, pagou 2,38 vezes o patrimônio líquido da Nossa Caixa, o que foi considerado alto pelo mercado, num momento de crise em que os negócios estavam na casa de uma vez e meia o valor patrimonial.
Valor do negócio
Tendo como referência o PL, a parte da Mapfre, se o BB quiser comprá-la, ficaria no mínimo em R$ 116 milhões. “Mas é claro que, além desse valor, a Mapfre vai querer compensação pelos 17 anos que não vai explorar o negócio e pelo ágio que pagou em 2005”, diz Santacreu.
Alonso lembra ainda que esse não é o primeiro caso e o que fica claro nessa situação é que quem tem valor é o canal de distribuição do produto. Comprar a parte do BB e ficar com 100% da empresa Nossa Caixa Vida e Previdência, segundo ele, não é um bom negócio para a Mapfre. Isso porque, como os segurados têm um relacionamento de cliente com o banco e há portabilidade do seguro, é fácil para o banco levar os clientes para Brasilprev ou Aliança do Brasil.
“Aí o banco venderia sua parte e ainda ficaria com o cliente”, argumenta. Por outro lado, abrir o balcão para vender seus produtos e os do BB também não é uma boa saída para Mapfre, já que ela não terá segurança que o vendedor na agência da Nossa Caixa estará interessado em vender o produto BB e não o da Mapfre.
“Por outro lado, o setor de seguros é um setor interessante para os bancos porque é uma forma de administrar um volume alto de recursos”, diz Alonso. “O acúmulo de seguros de pequenos valores leva a um aumento do ganho do banco”.
O acerto com a Nossa Caixa foi firmado em maio de 2005, quando o banco controlado pelo governo do Estado de São Paulo vendeu o controle acionário da Nossa Caixa Vida e Previdência, empresa do grupo que atuava na área de seguros.
Pagando um ágio de 46,6%, o que rendeu R$ 225 milhões ao banco paulista, a Mapfre ficou com 51% da empresa e mais o direito de ser a única a vender seguros nas agências da Nossa Caixa por um prazo de 20 anos. Como só se passaram três anos, ainda restam 17 anos para o contrato terminar.
“No caso de venda da Nossa Caixa, o contrato prevê uma opção de saída se a Mapfre quiser. Mas não é nossa intenção”, afirmou à Folha Antônio Cassio dos Santos, presidente do grupo espanhol no Brasil. “Temos interesse em trabalhar com o BB. Somos um sócio eficiente para a Nossa Caixa. Mas isso depende de um interesse objetivo do banco e de uma proposta negocial interessante”, diz.
Compasso de espera
Segundo Santos, a Mapfre está tranqüila e aguarda a formalização da compra da Nossa Caixa -com a aprovação pelo Banco Central- para conversar com o BB. “Nosso contrato é rígido, bem montado e não existe nenhuma insegurança”, diz, ressaltando que a saída, nesse caso, seria a compra pelo BB dos 51% da empresa que pertencem à Mapfre.
Essa alternativa significa que o BB terá de gastar mais do que os R$ 5,38 bilhões acertados com o governo de São Paulo para assumir o controle do banco. “Ou paga e compra a parte da Mapfre ou ela pode continuar operando com a Nossa Caixa”, explica José Rubens Alonso, sócio da KPMG responsável pela área de seguros.
Qual será esse valor, porém, nenhuma das partes envolvidas comenta -o assunto deverá ser ainda objeto de uma intensa disputa empresarial. Segundo a Folha apurou, o BB inicialmente tem interesse em vender seus produtos em parceria com outras empresas, como é o caso do setor de previdência privada, onde o banco federal atua, com a sócia Principal, na Brasil Prev. A decisão, contudo, não foi tomada ainda e vai depender do preço.
A seu favor, para elevar seu preço de mercado, a Mapfre conta com o fato de ter tido um bom desempenho nos últimos anos. “Somos um case, fizemos três milhões de apólices de vida nesses três anos”, gaba-se Santos.
Análise dos números da empresa mostra que nos seis primeiros meses após a compra, o patrimônio líquido (PL) da Nossa Caixa Vida e Previdência caiu R$ 14 milhões, chegando a R$ 20 milhões. No último dado disponível, com base em junho deste ano, o PL era mais de cinco vezes maior: R$ 107,546 milhões.
“A empresa também lucrou R$ 47 milhões no primeiro semestre deste ano. É uma outra empresa com um desempenho exitoso”, diz Luiz Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Rating. Segundo Santacreu e Alonso, o PL é importante porque serve de referência para avaliar a precificação de uma empresa.
Para se ter uma idéia, o negócio mais recente do setor, fechado em julho deste ano e formalizado no último mês, foi a compra de 87% da companhia de seguro Minas Brasil, pertencente ao banco Mercantil do Brasil, pelo grupo suíço Zurich. O preço da operação foi equivalente a 2,1 vezes o patrimônio da empresa.
O BB, por exemplo, pagou 2,38 vezes o patrimônio líquido da Nossa Caixa, o que foi considerado alto pelo mercado, num momento de crise em que os negócios estavam na casa de uma vez e meia o valor patrimonial.
Valor do negócio
Tendo como referência o PL, a parte da Mapfre, se o BB quiser comprá-la, ficaria no mínimo em R$ 116 milhões. “Mas é claro que, além desse valor, a Mapfre vai querer compensação pelos 17 anos que não vai explorar o negócio e pelo ágio que pagou em 2005”, diz Santacreu.
Alonso lembra ainda que esse não é o primeiro caso e o que fica claro nessa situação é que quem tem valor é o canal de distribuição do produto. Comprar a parte do BB e ficar com 100% da empresa Nossa Caixa Vida e Previdência, segundo ele, não é um bom negócio para a Mapfre. Isso porque, como os segurados têm um relacionamento de cliente com o banco e há portabilidade do seguro, é fácil para o banco levar os clientes para Brasilprev ou Aliança do Brasil.
“Aí o banco venderia sua parte e ainda ficaria com o cliente”, argumenta. Por outro lado, abrir o balcão para vender seus produtos e os do BB também não é uma boa saída para Mapfre, já que ela não terá segurança que o vendedor na agência da Nossa Caixa estará interessado em vender o produto BB e não o da Mapfre.
“Por outro lado, o setor de seguros é um setor interessante para os bancos porque é uma forma de administrar um volume alto de recursos”, diz Alonso. “O acúmulo de seguros de pequenos valores leva a um aumento do ganho do banco”.
Fonte: Folha de S.Paulo