De São Paulo
O Bradesco enfrenta, a um só tempo, dois desafios de proporções gigantescas: reagir à fusão entre Itaú e Unibanco, que lhe roubou 47 anos de liderança no ranking dos bancos privados brasileiros, e definir a sucessão do atual presidente, Márcio Cypriano. Ele completou 65 anos em novembro e, pelo estatuto, deve deixar o cargo até março.
Mudar de comandante no meio do mais potente ataque já sofrido em quase 66 anos de história – além do Itaú-Unibanco, tem de lidar com a aproximação do Santander Real – não é algo simples. Por isso, embora a sucessão seja um assunto proibido pelos lados da Cidade de Deus (em Osasco), onde fica a sede do Bradesco, fontes dizem que vem ganhando força a seguinte hipótese: uma alteração nas regras atuais para garantir a Cypriano mais alguns anos de mandato.
“A mudança de estatuto é o mais provável”, afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. Embora sua empresa seja uma classificadora de risco de crédito corporativo, Rodrigues é considerado um dos maiores especialistas do País em setor bancário.
João Augusto Frota Salles, analista da Lopes Filho & Associados, lembra que, sob a liderança de Cypriano, o Bradesco conseguiu uma “valorização excepcional” no mercado. “Antes dele, as ações do banco eram muito descontadas em relação à de seus principais concorrentes”, afirma. “Cypriano engajou-se pessoalmente para melhorar a governança.”
Procurado, o banco preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
Por causa da crise, todos as ações têm sofrido pesadas perdas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Não é diferente no setor bancário. No caso do Bradesco, os papéis preferenciais (PN) acumulavam até sexta-feira uma queda de 38,1% no ano. Os preferenciais do Itaú, 25,43%. As units do Unibanco, 38,5% e as ações ordinárias do Banco do Brasil, 51,41%.
Uma mudança no estatuto não seria novidade no Bradesco – o recurso já foi adotado em outras duas ocasiões. No começo dos anos 70, depois de criar a tal saída compulsória por idade, o fundador e então presidente da instituição, Amador Aguiar, fez uma manobra para continuar no comando do banco. A regra inventada por ele mesmo só não valeria para os diretores presentes àquela reunião.
Além de Aguiar, estava lá seu sucessor, Lázaro de Mello Brandão. Nos anos 90, foi o próprio Brandão que mexeu no estatuto para ficar mais tempo na presidência-executiva. Na ocasião, a mudança provocou a saída de Alcides Tápias do banco, então vice-presidente e candidato mais cotado para suceder Brandão.
Pelo rito oficial, a definição do presidente-executivo deve ser feita por meio de votação entre os membros do conselho administrativo, em assembléia marcada para 10 de março (data da fundação do banco). Mas, no Bradesco, todo mundo sabe que o critério de escolha é outro. (Da Agência Estado)
O Bradesco enfrenta, a um só tempo, dois desafios de proporções gigantescas: reagir à fusão entre Itaú e Unibanco, que lhe roubou 47 anos de liderança no ranking dos bancos privados brasileiros, e definir a sucessão do atual presidente, Márcio Cypriano. Ele completou 65 anos em novembro e, pelo estatuto, deve deixar o cargo até março.
Mudar de comandante no meio do mais potente ataque já sofrido em quase 66 anos de história – além do Itaú-Unibanco, tem de lidar com a aproximação do Santander Real – não é algo simples. Por isso, embora a sucessão seja um assunto proibido pelos lados da Cidade de Deus (em Osasco), onde fica a sede do Bradesco, fontes dizem que vem ganhando força a seguinte hipótese: uma alteração nas regras atuais para garantir a Cypriano mais alguns anos de mandato.
“A mudança de estatuto é o mais provável”, afirma o presidente da Austin Rating, Erivelto Rodrigues. Embora sua empresa seja uma classificadora de risco de crédito corporativo, Rodrigues é considerado um dos maiores especialistas do País em setor bancário.
João Augusto Frota Salles, analista da Lopes Filho & Associados, lembra que, sob a liderança de Cypriano, o Bradesco conseguiu uma “valorização excepcional” no mercado. “Antes dele, as ações do banco eram muito descontadas em relação à de seus principais concorrentes”, afirma. “Cypriano engajou-se pessoalmente para melhorar a governança.”
Procurado, o banco preferiu não se pronunciar sobre o assunto.
Por causa da crise, todos as ações têm sofrido pesadas perdas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Não é diferente no setor bancário. No caso do Bradesco, os papéis preferenciais (PN) acumulavam até sexta-feira uma queda de 38,1% no ano. Os preferenciais do Itaú, 25,43%. As units do Unibanco, 38,5% e as ações ordinárias do Banco do Brasil, 51,41%.
Uma mudança no estatuto não seria novidade no Bradesco – o recurso já foi adotado em outras duas ocasiões. No começo dos anos 70, depois de criar a tal saída compulsória por idade, o fundador e então presidente da instituição, Amador Aguiar, fez uma manobra para continuar no comando do banco. A regra inventada por ele mesmo só não valeria para os diretores presentes àquela reunião.
Além de Aguiar, estava lá seu sucessor, Lázaro de Mello Brandão. Nos anos 90, foi o próprio Brandão que mexeu no estatuto para ficar mais tempo na presidência-executiva. Na ocasião, a mudança provocou a saída de Alcides Tápias do banco, então vice-presidente e candidato mais cotado para suceder Brandão.
Pelo rito oficial, a definição do presidente-executivo deve ser feita por meio de votação entre os membros do conselho administrativo, em assembléia marcada para 10 de março (data da fundação do banco). Mas, no Bradesco, todo mundo sabe que o critério de escolha é outro. (Da Agência Estado)
Fonte:Correio Popular – 29/12
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