Resultados vigorosos que não deverão se repetir este ano. Essa é a opinião da maior parte dos analistas sobre o desempenho dos bancos de médio e pequeno portes instalados no Brasil, os mais afetados pelos problemas de liquidez gerados pela crise financeira mundial. Muitos deles capitalizados pelas IPO (oferta pública inicial de
ações
, na sigla em inglês) que fizeram em 2007 implantaram planos de expansão, engordaram os ativos e obtiveram
rentabilidade
histórica em 2008. Conforme pesquisa da agência de risco Austin Rating, o conjunto de nove instituições do segmento – Banco Industrial e Comercial (BicBanco), Banco Sofisa, Banco Pine, Banco Indusval Multistock, Banco PanAmericano, Banco Daycoval, Banco ABC Brasil, Banco Cruzeiro do Sul e Paraná banco – que fizeram IPO em 2007 registrou
lucro
líquido 61% maior no acumulado de 2008 até setembro, de R$ 1,51 bilhão, ante os R$ 935,63 milhões obtidos em igual período do ano anterior.
Com exceção do Cruzeiro do Sul, que mudou a forma de contabilizar receitas com cessão de créditos, todos tiveram aumentos substanciais nos ganhos, sendo que alguns quase triplicaram os resultados. Para Luis Miguel Santacreu, analista de instituições financeiras da Austin Rating, os dados até setembro não refletem o cenário atual, já que a crise começou a se acentuar a partir de meados de setembro. Os números dos bancos no último trimestre de 2008, que serão apresentados a partir do final deste mês, devem mostrar volatilidade nas operações de tesouraria; receitas menores, particularmente, em função da redução na concessão de crédito; volume de depósitos também em queda; e aumento dos custos, principalmente de gastos com despesas trabalhistas, pois boa parte das instituições menores reduziu o quadro de funcionários.
Essa situação, diz Santacreu, poderá persistir neste primeiro trimestre, mas a partir de abril os bancos terão se ajustado. Contudo, não apenas suas despesas estarão menores, como também suas receitas, ou seja, terão uma dimensão menor. “Mas continuarão a ser lucrativos, só que apresentarão ganhos compatíveis com essa nova estrutura.”
(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados – Pág. 1)(Iolanda Nascimento)