A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a redução da jornada de trabalho, de 44 horas para 40 horas semanais, aprovou na tarde desta terça-feira o relatório favorável apresentado pelo deputado Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho.
Aprovada por unanimidade, a proposta também aumenta o valor da hora extra de 50% do valor normal para 75%.
Em tramitação há 14 anos no Congresso, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) deve ser votada pelo plenário no início de agosto, segundo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), que preside a Força Sindical. Veja aqui a íntegra da proposta.
As centrais sindicais acompanharam a reunião da comissão. No ano passado, as centrais coletaram 2 milhões de assinaturas em todo o país, em defesa da redução da jornada, que foram entregues ao Congresso Nacional.
Impacto reduzido
A última redução do período semanal de trabalho no país ocorreu na Constituição de 1988, quando a jornada caiu de 48 horas para 44 horas. Para Vicentinho, a redução da jornada terá pouco impacto nas empresas, pois a média da duração do trabalho no país já é inferior às 44 horas previstas na Constituição.
Além disso, o parlamentar afirma que, segundo dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a carga de 40 horas semanais, seguida da manutenção do patamar salarial, significará um crescimento de apenas 1,99% no custo da produção.
Indústria
Para a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a proposta em tramitação no Congresso não estimulará a criação de empregos e elevará os custos da produção.
“A criação de emprego depende de diversos fatores, principalmente de investimentos na produção, de aumento do consumo, de crescimento sustentado e educação de boa qualidade. Leis não criam empregos.”
A entidade avalia que, no contexto da crise econômica, “a redução na jornada de trabalho, sem o ajuste correspondente nos salários, comprometerá a competitividade das empresas”.
“Estamos especialmente preocupados com o impacto da medida nas micros e pequenas empresas, que não terão condições de absorver ou repassar os custos provocados pela medida”, afirmou Armando Monteiro Neto, o presidente da CNI, que defende a livre negociação como “resposta mais adequada à questão do emprego”.
da Folha Online
com Agência Câmara
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