Depois de quatro rodadas de negociação, iniciadas no dia 24 de agosto, a Fenaban não apresentou nenhuma contraproposta à pauta de reivindicações da categoria, aprovada na 12ª Conferência Nacional, realizada no final de julho no Rio de Janeiro. Na quarta rodada, que aconteceu na semana passada, nos dias 15 e 16, em São Paulo, os bancos mantiveram o discurso do “não para tudo”, manifestado nas rodadas anteriores e anunciaram que na quinta rodada, agendada para esta quarta-feira, dia 22, apresentam uma “proposta global”. Reunidos após a rodada, o Comando decidiu orientar a realização de Dia Nacional de Luta nesta terça-feira, dia 21, e assembleia no dia 28 para avaliar a chamada “proposta global”. Se rejeitada, o Comando orienta greve por tempo indeterminado a partir do dia 29.
Apesar a alta lucratividade – os seis maiores bancos (BB, Itaú, Bradesco, Caixa Federal, Santander e HSBC), faturaram R$ 21,7 bilhões de lucro líquido no primeiro semestre deste ano -, e da rentabilidade média sobre o patrimônio líquido de 25%, os bancos negam o reajuste de 11% (incluindo aumento real), melhor PLR e piso valorizado. E mais. Não aceitam elevar os valores dos auxílios refeição, alimentação, 13ª cesta; recusam o combate às metas abusivas e o assédio moral; não concordam em implantar PCS (Plano de Cargos e Salários); não querem contratar mais bancários; pagar auxílio-educação; e nem pretendem oferecer maior segurança contra assaltos. Na verdade, os bancos não querem manter nem mesmo o que a categoria conquistou ao longo dos anos. Não bastasse a provocação em negar tudo que possa melhorar o salário e as condições de trabalho, a Fenaban propôs ainda a redução de direitos. Quer, por exemplo, rebaixar o auxílio-creche, passando dos atuais 83 meses (6 anos e 11 meses) para 71 meses (5 anos e 11 meses).
Jeferson, presidente do sindicato, em reunião do Comando no dia 15
Sem proposta decente, greve
Para o presidente do sindicato, Jeferson Boava, que participou do processo de negociação como integrante do Comando Nacional dos Bancários, a Fenaban demonstrou mais uma vez total descaso, desrespeito com a categoria. “É inaceitável essa postura dos bancos. Não podemos nos calar, aceitar passivamente essa arrogância, principalmente porque os lucros obtiddos no primeiro semestre foram gigantescos. Sem falar que a economia nacional só cresce. Aliás, os próprios bancos projetam um PIB (Produto Interno Bruto) de 7,4% para este ano, segundo estudo da Febraban divulgado na semana passada. Dado a alta rentabilidade dos bancos, é possível não apenas recompor o poder de compra dos salários, como também conceder aumento real, valorizar o piso e ampliar os direitos sociais”. Jeferson conclama os bancários a participarem da mobilização convocada pelo sindicato e se prepar para novas jornadas de luta. “A Fenaban prometeu ‘proposta global’ para o dia 22. Vamos aguardar e no dia 28 faremos uma avaliação em assembleia. Se não contemplar o que reivindicamos, é greve na certa”.
19/10/2010
Fenaban promete proposta global só no dia 22. Sem avanço, é greve
Assembleia de avaliação dia 28