Sob a coordenação do Sindicato, bancários de 12 agências do Itaú paralisaram os serviços na área central e em cinco bairros de Campinas, no último dia 23, em protesto contra as demissões. Durante a manifestação, no Dia Nacional de Luta, os diretores do Sindicato distribuíram o “Jornal da Contraf”, específico sobre o fechamento de postos de trabalho promovido pelas famílias Setubal, Vilella e Moreira Salles em todas as unidades do Itaú instaladas no país. Em Campinas e Região, foram demitidos 110 funcionários nos quatro primeiros meses deste ano; no mesmo período de 2011, foram demitidos 29 funcionários; um crescimento de 280%. De janeiro a abril deste ano, o número de demissões se equivale praticamente ao número final de 2011, que totalizou 139 demissões na região de Campinas.
O patrocinador da Seleção Brasileira de Futebol, que recentemente lançou uma campanha publicitária onde convoca todos os brasileiros com o mote “Vamos jogar bola”, na verdade está pisando na pelota. Apesar de lucrar R$ 3,4 bilhões no primeiro trimestre deste ano, o Itaú fechou 1.964 postos de trabalho no mesmo período.
Segundo dados do Diesse (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o Itaú tinha 104.022 funcionários em março de 2011, diminuiu para 98.258 em dezembro último e reduziu para 96.258 em março deste ano.
Para o vice-presidente do Sindicato, Mauri Sérgio, é preciso intensificar a mobilização em defesa do emprego. “Nossa jornada não começou e nem terminou no dia 23 de maio. Com a incorporação do Unibanco finalizada, o Itaú iniciou uma onda de demissões. Os sindicatos reagiram com mobilização”.
O diretor do Sindicato lembra que no dia 24 de novembro do ano passado foi realizada a Jornada Internacional de Luta em Defesa do Emprego em vários países da América Latina – Campinas participou. No dia 21 de dezembro do ano passado, manifestações em 10 agências da área central de Campinas. Cabe destacar, o Dia de Luta foi aprovado no Encontro de Dirigentes Sindicais do Itaú, realizado entre os dias 13 e 15 de dezembro de 2011. “A bandeira prioritária definida pelo Encontro foi a defesa do emprego. De lá para cá, os sindicatos têm insistido em negociar com o Itaú o fim das demissões. Para suspender esse processo, no entanto, é fundamental pressionar o Banco, ampliar ainda mais a mobilização”, frisa Mauri Sérgio.
Quem parou
Agências: Centro, Glicério, Jequitibás, Nova Glicério, Senador Saraiva, Largo do Rosário, Fórum, Bonfim, Barão de Itapura, Taquaral, Moraes Sales e Saudade.
Quadro de demissões |
Mês | Demitidos 2011 | Demitidos 2012 |
Janeiro | 8 | 33 |
Fevereiro | 4 | 23 |
Março | 6 | 22 |
Abril | 11 | 32 |
Total | 29 | 110 |
Demitidos em 2011 = 139 |
Cadê a PCR?
Em entrevista à revista Você S/A (edição 167/maio 12), o presidente do Itaú, Roberto Setubal, disse que o desafio atual é retornar o nível de eficiência anterior à fusão com o Unibanco.
Segundo ele, a integração dos dois bancos terminou no final de 2011. O presidente do Itaú disse ainda que “procuro também ouvir bastante”.
Não é o que parece. Com a entrada do novo diretor de Recursos Humanos, Marcelo Orticelli, a negociação com os sindicatos sobre a PCR e bolsa de estudo, entre outros pontos, mudou do dia 26 de março para o dia 23 de abril. Porém, sem avanço algum; as questões ainda estão abertas. Até quando? E mais: apesar de pintar que a situação está tudo ‘azul’, a casa arrumada, os cortes de funcionários permanecem.
Fotos: Júlio César Costa