Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, instalada no Senado para apurar ações e omissões do governo federal, o gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, disse que o governo Jair Bolsonaro recusou oferta de 70 milhões de doses em agosto de 2020. Cálculo feito pelo epidemiologista Pedro Hallal, professor da Universidade Federal de Pelotas (RS), a pedido do jornal Folha de S. Paulo, aponta que o país teria evitado pelo menos 5 mil mortes nos últimos meses.
Aliado à esse boicote, têm as dificuldades criadas pelo governo federal para importar da China o chamado IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo) para a produção de vacinas pelo Instituto Butantan e Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
A escalada negacionista do governo brasileiro, no entanto, não para. Depois de prometer vacinar os brasileiros que quiserem ser imunizados, em pronunciamento oficial no dia 2 deste mês de junho, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o chamado “tratamento precoce” à base de cloroquina, medicamento sabidamente ineficaz, mas defendido pelo recém descoberto “ministério paralelo” da Saúde, formado por charlatões. Inclusive disse recentemente que os imunizantes contra a Covid-19 são experimentais e questionou a eficácia.
E mais: Quanto ao passaporte da vacina, aprovado pelo Senado no dia 15 deste mês de junho, o capitão reformado do Exército disse: “a vacina vai ser obrigatória no Brasil? Não tem cabimento”. O certificado visa autorizar o acesso a espaços públicos e privados de pessoas imunizadas. Além disso, Jair Bolsonaro anunciou no dia 10 deste mês de junho que já pediu ao Ministério da Saúde parecer para desobrigar o uso de máscara por quem já se vacinou ou foi infectado pelo coronavírus. Mais um desserviço.
O presidente da República está na contramão dos brasileiros. Segundo pesquisa do Instituto Datafolha, divulgada no dia 18 de maio, 91% das pessoas pretendem se vacinar – ou já se vacinaram – contra a Covid-19. Apenas 8% não se vacinaram e não pretendem se vacinar.
A estratégia do governo federal em disseminar a Covid-19, sabotando a importação de vacinas, o uso de máscaras e as restrições sanitárias, resultou numa carnificina. Até o momento, o novo coronavírus Sars-Cov-2 já matou mais de 500 mil brasileiros. Mesmo assim, no dia 7 deste mês de junho, o presidente Jair Bolsonaro espalhou mentiras ao afirmar que um relatório do TCU (Tribunal de Contas da União) questionava o número de mortos por Covid-19 de 2020. O órgão público desmentiu o capitão reformado do Exército. Os sindicatos continuam mobilizados em incluir os bancários, financiários e cooperavitários como prioritários no Plano Nacional de Imunização (PNI) e no Plano Estadual de Imunização (PEI). Ao contrário do presidente da República, os trabalhadores lutam pela vida. Vacina já.