
A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) se comprometeu em avaliar a pauta de reivindicações da categoria bancária sobre o combate à violência de gênero e contra a desigualdade entre homens e mulheres no trabalho, durante reunião com o Comando Nacional dos Bancários, realizada no dia 14 deste mês de março. O vice-presidente do Sindicato e diretor de Assuntos Jurídicos da Contraf-CUT, Lourival Rodrigues, participou da reunião com a Fenaban.

Com base em um relatório apresentado pela técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Rosângela Vieira, o Comando mostrou que no mercado de trabalho as mulheres ganham, em média, 21% menos que os homens. Na categoria bancária, a desigualdade é maior: a remuneração delas é 22,2% menor que a média dos colegas do sexo masculino. “Ao analisar o recorte racial, verificamos que a remuneração da mulher preta é, em média, 40,6% inferior à remuneração do homem bancário branco”, pontuou Rosângela.
Outro destaque foi que a diferença salarial entre homens e mulheres piora conforme aumenta o grau de escolaridade. No caso de trabalhadores com ensino médio completo, por exemplo, as mulheres recebem em média 80,6% do salário dos homens. Entre os trabalhadores com doutorado, elas recebem 78,5% do salário dos colegas.

Mulheres: emprego
O Comando mostrou ainda que na movimentação do emprego bancário, em 2022, houve favorecimento do sexo masculino, com abertura de 3.933 vagas para eles e a eliminação de 1.106 postos de trabalho entre as mulheres. “As admissões de mulheres foram 19,1% menores que a dos homens. E os desligamentos 5,4% superiores entre as mulheres, resultando assim no saldo negativo”, explicou Rosângela.
O levantamento também revelou que apesar do aumento de 70,4% de profissionais da Tecnologia da Informação (TI) contratados pelos bancos, entre 2012 e 2021, a proporção de mulheres na área caiu de 31,9% para 24,9% no mesmo período.
Combate à violência doméstica
O Comando também cobrou da Fenaban dados sobre a implementação do programa de combate à violência doméstica. Entre os dados, número de atendimento, recepção das vítimas e encaminhamento, incluindo jurídico. E mais: o Comando reivindicou maior divulgação dos canais entre as bancárias.
O vice-presidente do Sindicato, Lourival Rodrigues, destaca que o programa de combate à violência doméstica é uma conquista da categoria. “Oito cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho/CCT (da 48ª à 55ª) garantem prevenção, apoio e acompanhamento às bancárias vítimas de violência doméstica e familiar. O programa foi conquistado em março de 2020 e incorporado à CCT em setembro do mesmo ano. Entre as medidas de apoio, realocação para outra dependência (garantindo sigilo de informações sobre a transferência) e ofertas de linha de crédito/financiamento especial.
Com base na CCT, o Sindicato criou um canal de apoio, lançado no dia 8 de março de 2021 (Dia Internacional da Mulher). Está assegurada a confidencialidade de toda denúncia. A bancária tem respaldo em várias áreas; entre elas, jurídica e trabalhista.
Como denunciar: envie e-mail para mulhernaocale@bancarioscampinas.org.br ou mensagem via WhatsApp: (19) 99814-6417.

Fenaban: compromisso
A Fenaban afirmou que os bancos vão aprimorar os canais de acolhimento às vítimas de violência na família ou no ambiente de trabalho. “Vamos levar o resumo desta reunião à direção dos bancos, ainda neste mês de março. Em sequência, marcar uma reunião com as áreas de recursos humanos para discutir a questão da queda na contratação de mulheres, especialmente nas áreas de TI. E, nosso terceiro compromisso é um encontro, no dia 30 de março, com representantes dos bancos, do movimento sindical e com as ONGs contratadas para implementar as propostas contra assédio”, completou Adauto Duarte, diretor de Relações Trabalhistas da Fenaban.
Para o dia 30 de março, o diretor da Fenaban destacou ainda que serão apresentadas as medidas para combater a diferença de oportunidade entre homens e mulheres. Na data, as três ONGs contratadas pelos bancos para atender a demanda de formação no combate à cultura de violência de gênero (Papo de Homem, Me Too Brasil e IMP (Instituto Maria da Penha) também devem mostrar seus planos de trabalho.
Fonte: Contraf-CUT