Afonso Lopes da Silva – Essa é a nossa proposta, a proposta da Contraf. É preciso colocar do mesmo lado, na mesma mesa de negociação todas as representações dos trabalhadores do ramo financeiro, incluindo as centrais sindicais, hoje órgãos reconhecidos legalmente. Nossos patrões, os banqueiros, sempre foram unidos nesse momento. Temos que fazer o mesmo. O Comando deve refletir todos os sindicatos do ramo, independente de filiação a esta ou aquela central, confederação ou federação. Sempre, claro, respeitando as diferenças, os matizes ideológicos.
O Bancário
– Como será a organização de uma campanha unitária, coordenada por um Comando que aglutina todos os segmentos, público e privado? Os congressos do Banco do Brasil e CEF, por exemplo, serão realizados dentro da Conferência Nacional, que fecha a pauta de reivindicações? Ou serão antecipados?
ALS – Em preparação à Conferência Nacional, serão realizados encontros regionais, estaduais e interestaduais, como os ocorridos em anos anteriores. O ponto alto será a Conferência. É nesse fórum que os trabalhadores do ramo financeiro debatem e definem o que querem arrancar dos banqueiros e qual a estratégia para atingir os objetivos. Quanto aos congressos de bancos públicos, nosso sindicato concorda até com a antecipação, mas não podem ser realizados com muita antecedência. Porém, as propostas aprovadas devem ser avaliadas e referendadas pela Conferência.
– Qual formato de negociação está em debate? E quais são as bandeiras prioritárias?
ALS – O nosso sindicato, que integra o Comando, defende o mesmo formato de negociação introduzido no ano passado. Ou seja, discussão por blocos. Comando e Fenaban negociam até esgotar todos os temas de cada bloco. A experiência de 2007 foi altamente positiva e devemos repetir. Inclusive as questões específicas de cada banco não resolvidas, não devem emperrar o processo. Devem ser solucionadas numa etapa posterior, com mobilização e luta.
No que se refere às bandeiras, uma delas é a PLR. Chegou a hora de mudar o formato. O atual não reflete os altos lucros dos bancos. Em algumas instituições o teto da PLR não atinge nem mesmo 3% do lucro líquido, quando deveria ser distribuído no mínimo 5%. Nem mesmo o pagamento de dois salários resolve a questão. Pretendemos também colocar em funcionamento efetivo as mesas temáticas – hoje o trabalho é muito lento, sem avanço. Temos ainda os correspondentes bancários. É preciso uma regulação melhor. Do jeito que está, a abertura de novos postos de trabalho será algo eventual. Outro ponto importante é a validade do acordo. Queremos um Contrato Coletivo de Trabalho com duração de, no mínimo, três anos. Nós reuniríamos anualmente apenas para negociar os pontos econômicos. Não é produtivo o modelo atual. Todo ano discutimos as mesmas reivindicações, objetivando a renovação, e pequeno número de novas propostas, novas cláusulas. A mudança é hoje uma necessidade.