A Fenaban negou atender as reivindicações sobre segurança nos bancos, no segundo dia da segunda rodada de negociação com o Comando Nacional dos Bancários, hoje (6/9), em São Paulo. Apesar da crescente onda de assaltos e ataques a caixas eletrônicos, os bancos optaram pela insegurança, não querem investir na proteção à vida de bancários, clientes e usuários.
Levantamento feito pela Contraf-CUT mostra que neste ano já ocorreram 31 assassinatos em assaltos envolvendo bancos, dos quais 20 em crimes de ‘saidinha de banco’. Além disso, a 1ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, elaborada pela Contraf-CUT e pela Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), registrou 838 ataques a bancos no primeiro semestre deste ano, sendo 301 assaltos e 537 arrombamentos, consumados ou não.
Para o presidente do Sindicato, Jeferson Boava, “os bancos têm a obrigação de proteger a vida dos clientes, usuários e trabalhadores bancários. Afinal, não podemos conviver com essa ameaça diária. Não podemos aceitar de forma passiva as tragédias ocorridas dentro e fora dos bancos, tão amplamente noticiadas pelos jornais, rádio, TV, sites e até redes sociais. A ganância dos banqueiros por lucros e mais lucros não pode sobrepor a vida das pessoas”.

Principais pontos debatidos
Assistência às vítimas
Assistência para as vítimas de assaltos e sequestros, contemplando os seguintes itens:
– Garantia de atendimento médico e psicológico individual e presencial aos empregados e suas famílias em casos de ameaça ou consumação de sequestros ou outros delitos.
– Pagamento por parte dos bancos dos custos de remédios e despesas de tratamento dos empregados.
– Emissão de CAT a todos os empregados que estiveram no local de assalto consumado ou não, com comunicação imediata à CIPA e sindicato local.
– Dispensa dos empregados que estiverem no local durante a ocorrência.
– Fechamento da agência até que seja feita perícia técnica com participação do sindicato.
Em relação aos pontos acima, a Fenaban aceitou apenas a manutenção da cláusula atual, conquistada pelos bancários na Campanha Nacional do ano passado, que garante assistência médica ou psicológica, emissão obrigatória de boletim de ocorrência, possibilidade de realocação das vítimas de sequestro e acesso às estatísticas semestrais de ataques a bancos da Febraban.
Equipamentos e medidas de prevenção contra assaltos e sequestros
O Comando Nacional cobrou a implementação dos seguintes equipamentos de segurança:
– instalação de portas individualizadas de segurança com vidros à prova de balas, antes do autoatendimento, em todos os acessos aos estabelecimentos.
– câmeras de filmagem em todas as áreas internas e externas de circulação de clientes e usuários, com monitoramento em tempo real fora das agências e postos.
– instalação de divisórias individualizadas na bateria de caixas e entre os caixas eletrônicos, bem como de biombos entre a fila de espera e a bateria de caixas, para garantir a privacidade e impedir a visualização de terceiros.
– instalação de vidros em frente aos guichês de caixa.
– vidros blindados nas fachadas dos bancos.
– malhas finas de aço nas janelas que dão acesso às ruas.
– Proibir a triagem de clientes antes do acesso à parte interna das agências e postos para fins de depósitos e saques em dinheiro, como forma de combater o crime da “saidinha de banco”.
– Instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros.
A Fenaban não concordou com as reivindicações; remetendo o debate à mesa temática de segurança, a ser retomada após a Campanha Nacional. Somente em relação às câmeras, a Fenaban ficou de procurar os bancos para trazer uma proposta de ampliação desse equipamento de segurança.
Proibição da guarda de chaves e acionadores de alarmes por bancários
Os bancos negaram a reivindicação, alegando que a posse da chave não aumenta a exposição dos bancários ao risco de sequestro.
Proibição de transporte de numerário por bancários
O Comando reivindicou que o transporte de valores seja feito somente por vigilantes em carro-forte, conforme estabelece a lei federal 7102/83. O assunto é objeto de procedimento que se encontra pendente na Procuradoria Geral do Ministério Público do Trabalho. A Fenaban ficou de consultar os bancos.
Estabilidade às vítimas de assalto ou sequestro
Os bancos não aceitaram discutir as reivindicações de estabilidade no emprego de 36 meses e indenização aos empregados vítimas de assalto ou sequestro.
3ª rodada: Dia 12, segunda-feira. Na pauta, remuneração.