O equilíbrio entre o trabalho e as responsabilidades familiares tem sido uma fonte de permanentes conflitos e constitui um grande desafio. As pessoas precisam trabalhar e gerar renda para satisfazer necessidades econômicas (pessoais e de suas famílias) e, ao mesmo tempo, cuidar da família e desempenhar tarefas domésticas não remuneradas em seus lares.
O desequilíbrio entre as atividades profissionais e familiares afeta particularmente as mulheres. Tal realidade está na base da situação de desvantagem que elas enfrentam no mercado de trabalho. Assim, o equilíbrio das responsabilidades é fundamental para a igualdade de gênero no mundo do trabalho.
O movimento sindical bancário foi pioneiro em evidenciar tais contradições e levando o debate para os trabalhadores já em 2001, com a publicação da Cartilha Relações Compartilhadas – Um Outro Mundo é Possível, feita pela então Confederação Nacional dos Bancários (CNB).
O conceito de relações compartilhadas busca superar na prática a divisão de papéis que a sociedade impôs para cada gênero. Para isso, além dos espaços conquistados pelas mulheres no mercado de trabalho, é preciso que os homens compartilhem com as mulheres a responsabilidade pelo serviço doméstico e pela educação dos filhos. O trabalho voltado para o lar também favorece as empresas, pois sem ele as pessoas não teriam condições de produzirem com eficiência. Sem roupa passada ou lavada, por exemplo, uma pessoa não encontraria um emprego. Sem o cuidado, carinho e educação para os filhos, as empresas terão dificuldades em repor sua mão de obra. Portanto, é dever do Estado e das empresas criarem condições objetivas tanto para o trabalho produtivo quanto para o reprodutivo.
Neste sentido, o movimento sindical reivindica desde 2008 a ampliação para seis meses da licença-paternidade. Além de garantir um período maior de cuidados para o bebê num momento crítico de sua formação, a medida visa promover o conceito de relações compartilhadas em que o homem e mulher dividem de forma igual responsabilidades e direitos.
Alguns fatos históricos e muita luta
1910
Durante a II Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, Clara Zetkin propôs que fosse celebrado em todo o mundo o Dia Internacional das Mulheres, a exemplo das mulheres socialistas dos Estados Unidos que organizavam um Dia das Mulheres dedicado à luta pelo direito ao voto.
1932
Mulheres brasileiras conquistam o direito de votar, ainda com uma série de condicionantes.
1946
Conquista da plena igualdade de voto em relação aos homens.
1968
O então Banespa aceitou pela primeira vez o acesso de mulheres ao cargo de auxiliar de escritório; o sistema financeiro era um território exclusivamente masculino.
1971
O Banco do Brasil aceitou pela primeira vez o ingresso das mulheres.
1977
O “8 de março” foi reconhecido oficialmente pelas Nações Unidas como momento de mobilização para a conquista de direitos e para discutir as discriminações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas pelas mulheres.
1986
A CUT cria a Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora.
1994
A CUT aprova a cota mínima de 30% de participação dos sexos nas direções da central.
1998
O tema Igualdade de Oportunidades se torna um dos eixos das campanhas nacionais dos bancários, enquanto que na mesa de negociações a Fenaban negava a discriminação no local de trabalho.
2000
Os bancários conseguiram pela primeira vez incluir a seguinte cláusula na Convenção Coletiva: “Igualdade de Oportunidades”.
2001
O Dieese a pedido do movimento
sindical lança o primeiro grande diagnóstico na categoria intitulado “O Rosto dos Bancários”, no qual aponta as discriminações de gênero e raça.
2006
Com base nas denúncias do movimento sindical e envolvimento dos
movimentos sociais, o Ministério Público do Trabalho pressiona os bancos a fazer um novo diagnóstico da categoria por meio de uma pesquisa.
2006
Entra em vigor a Lei Maria da Penha, que protege mulheres contra a violência doméstica e torna mais rigorosa a punição aos agressores.
2007
Os sindicatos de todo Brasil chamam a categoria a participar do censo organizado pela Febraban intitulado o “Mapa da Diversidade” – metade da categoria responde.
2009
Se comprova mais uma vez a discriminação de gênero, raça e contra pessoa com deficiência nos bancos através do resultado do Mapa da Diversidade – a Fenaban mdivulga plano de ação para correção destas distorções.
2009
Os bancários foram a primeira categoria a conquistar a licençamaternidade de 180 dias.
2012
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiram, por unanimidade, confirmar a validade da Lei Maria da Penha, símbolo da luta contra a violência doméstica. Fonte: Contraf-CUT
05/03/2012
Igualdade de Oportunidades para homens e mulheres com Responsabilidades Familiares
Relações Compartilhadas