Sem consultar sindicatos, bancários e até clientes, os dois maiores bancos privados do país mudaram o horário de atendimento em shoppings. Em Campinas, o Itaú criou o horário das 12 às 20h; sendo que das 12h às 17h, atendimento ao público; das 17h às 20h, apenas clientes. O novo horário já está em vigor na agência instalada no Shopping Iguatemi desde o início deste mês de junho; no Shopping D. Pedro, a partir do dia 2 de julho. Já o Bradesco decidiu manter o horário de abertura de agências (10h) e estendeu até às 20h nos shoppings Unimart e Iguatemi; no D. Pedro, das 12 às 20h. O novo horário entrou em funcionamento no último dia 25.
Para o vice-presidente do Sindicato e integrante da Comissão de Organização dos Empregados (COE), Mauri Sérgio, que é funcionário do Itaú, “a mudança não foi feita para beneficiar bancários ou correntistas, mas para aumentar os lucros bilionários – no primeiro trimestre deste ano, R$ 3,4 bilhões. Na verdade, o Itaú quer ganhar mais, a todo custo. Abre agências em horários de maior fluxo e, consequentemente, aumenta a arrecadação com as tarifas absurdas e altas taxas de juros”. Para o diretor do Sindicato, Lourival Rodrigues, funcionário do Bradesco, “o horário estendido fragiliza a segurança, uma vez que as agências vão continuar o atendimento depois das 17 horas”.
Mais trabalho
Como a mudança nos horários de atendimento, tanto no Itaú quanto no Bradesco, não foi precedida de novas contratações, o volume de serviços poderá resultar na prorrogação da jornada de 6h, prevista em lei. “Haverá uma sobrecarga desproporcional e desumana de trabalho. Até porque o Itaú tem promovido demissões em massa, deixando as agências com reduzido número de funcionários. Como consequência, mais bancários adoecidos E queda na qualidade do atendimento”, salienta o vice Mauri.
O Sindicato não admite a extrapolação da jornada, nem qualquer outro tipo de ilegalidade. No caso do horário estendido, será feita fiscalização, acompanhamento. “Serão tomadas todas as medidas para que os dois bancos respeitem a Convenção Coletiva, a legislação”, avisa o diretor Lourival. Segundo ele, se os bancos tivessem a preocupação em prestar um atendimento de qualidade, com respeito aos direitos dos funcionários, já teriam concordado com a proposta dos sindicatos em ampliar o horário, com a criação de dois turnos de trabalho. “Uma bandeira histórica dos bancários que a Fenaban não aceita nem discutir”, frisa o diretor Lourival.
12/07/2012
Itaú e Bradesco bagunçam horário de atendimento
Sistema Financeiro