O ano de 2013 se encerra com saldo positivo no tocante aos direitos econômicos e sociais. A categoria bancária, novamente, mostrou todo o seu poder de pressão. Depois de quatro meses de preparação da Campanha Salarial, fomos para o embate com os banqueiros e vencemos. Foram 23 longos dias em greve. Rompemos as barreiras, quebramos a intransigência da Fenaban. Entramos na greve sem aumento real, apenas reposição da inflação. Ao final, voltamos ao trabalho com aumento real de salário, piso e dos valores fixos da PLR e avanços sociais. O resultado da Campanha reflete o poder de mobilização dos bancários.
Essa firme disposição de luta da categoria será, mais uma vez, exigida em 2014. O ano da Copa do Mundo no Brasil, o ano de eleições para presidente da República, governadores, deputados e senadores. Muitas coisas serão ditas e prometidas. Mas, concretamente, a situação econômica não é das melhores. Neste ano a economia patinou e sinaliza que vai continuar a patinar, a permanecer no mesmo lugar. Lá fora não é diferente.
No mundo do trabalho bancário, o quadro também não é dos melhores. Não bastasse essa dura batalha travada entre patrões e trabalhadores no debate do Projeto de Lei 4330, que se propõe a regular a terceirização do trabalho, o sistema financeiro nacional vive um novo momento de reestruturação. Diga-se, de passagem, para os banqueiros, o PL 4330 é a salvação da lavoura. Se aprovado como está, o citado PL ‘legaliza’ os correspondentes bancários.
Como dissemos anteriormente, o SFN vive um novo momento de reestruturação. Reestruturação regressiva. Não é para melhorar as condições de trabalho e salário; pelo contrário. Em 2012, foram fechados quase 11 mil postos de trabalho; neste ano, até outubro, foram extintas mais de sete mil vagas. Quer dizer, o emprego permanece na marca do pênalti, ameaçado. Sem falar que, neste ano, os Bancos decidiram não mais ampliar suas unidades, mas sim, intensificar a exploração nos locais já instalados; de quebra, fechando agências, como é o caso do Santander.
E isso não é tudo. O governo federal autorizou o Banco do Brasil a elevar a participação estrangeira em seu capital, de 20% para 30%. E os chineses, depois de participarem do consórcio para exploração de petróleo no campo de Libra (pré-sal), via empresas estatais CNPC e CNOOC, avançam no sistema financeiro nacional. A porta de entrada do China Construction Bank foi o BicBanco, comprado no final de outubro. E mais: O Banco do Brasil se associou aos Correios (ECT) para criar um novo Banco Postal e o BC (Banco Central) regulamentou o pagamento via celular. Ou seja, o smartphone vai virar Banco.
O que significa essa movimentação toda no SFN? Segundo especialistas, o aumento da participação estrangeira no BB impacta na relação capital/trabalho. Afinal, os vorazes acionistas exigem máxima rentabilidade. Para os bancários, máxima pressão, cobrança. Quanto aos chineses, não são diferentes. Num primeiro momento, dizem os especialistas, os chineses vão observar o mercado de trabalho. Porém, num segundo momento, a relação patrão/empregado viverá tensões, que podem universalizar as questões do trabalho. Já o novo Banco Postal e o pagamento pelo celular sinalizam a precarização completa do trabalho bancário; significa serviço bancário sem bancário. Não somos contra a tecnologia, cabe ressaltar, mas é preciso debater os impactos sobre o emprego bancário. Debater e formalizar garantias. Isso com os patrões. Com o governo federal, é preciso exigir a imediata assinatura da Convenção 158 da OIT, que proíbe a demissão imotivada.
O futuro delineado é nebuloso, incerto. Será preciso intensificar a mobilização, nos preparar para novas jornadas de luta. Não podemos aceitar a cantilena “tudo em nome da globalização”. O capital, a cada ciclo, se metamorfoseia para sugar ainda mais o trabalho. Se o rompimento total ainda não está no horizonte, é preciso resistir para garantir nossos direitos. Com unidade de classe será possível assegurar não apenas o emprego, mas também condições decentes de trabalho. À luta, bancários.
Jeferson Boava
Presidente