A solução do crônico deficit da Cassi (Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil) exige um novo modelo de custeio, que não aumente as despesas para os participantes e nem resulte em redução de benefícios. É hora do Banco do Brasil, que adotou uma política regressiva de salários e direitos e, na outra ponta, contabiliza lucros, contribuir mais. Afinal, tem maior capacidade financeira para viabilizar uma Cassi não superavitária, mas equalizada em sua relação receita e despesa, que permita a manutenção e até a ampliação de direitos. Em outros termos, o causador do deficit, evidente, é sabido; falta equacionar esse grave problema.
Tudo começou a partir de 1998, quando o BB adotou uma política de desvalorização dos salários e direitos. A cada ‘pacote de maldade’ o rombo crescia. Como o custeio (3% do participante e 4,5% da patrocinadora) é atrelado à folha de pagamento, o resultado não poderia ser outra que não fosse deficit. Em 2007, ocorreu a votação de um novo estatuto e a negociação de um novo aporte, que foi parcelado em quatro anos: 2007 (R$ 150 milhões); 2008 (R$ 52 milhões); 2009 (R$ 102 milhões) e 2010 (R$ 57 milhões). E mais: entre 2011 e 2013, mais receita extraordinária; agora via Benefício Especial Temporário (BET). Ou seja, 2011 (R$ 172 milhões); 2012 (R$ 120 milhões; R$ 97 milhões via BET e R$ 22,9 milhões de coparticipações retroativas); e 2013 (R$ 111 milhões). Em 2014, a Cassi fechou o exercício com deficit de R$ 108 milhões, resultado consolidado do Plano de Associados (deficit de R$ 177 milhões) e dos Planos Cassi Família I e II (superavit de R$ 68 milhões).
Aliado ao achatamento da folha de salários tem a intensificação do trabalho decorrente até da não contratação de concursados. Resultado da solução mágica: funcionários adoecidos. A conta fica com a Cassi, claro. Nessas condições, nada é sustentável. A alternativa defendida pelos representantes eleitos pelos funcionários é a adoção do Modelo de Atenção Integral à Saúde, baseado na Estratégia Saúde da Família (ESF). “O modelo é conhecido, possibilita mais qualidade de vida. Experiências no Canadá e na Inglaterra, por exemplo, mostraram que é possível inclusive a redução de custos ao longo dos anos. Sem prejuízo aos participantes”, destaca a diretora do Sindicato e integrante do Conselho Deliberativo da Cassi, Elisa Ferreira.
Neri: contra solidariedade
O diretor de Relações com Funcionários e Entidades Patrocinadas, Carlos Eduardo Leal Neri, não perde a oportunidade em destilar venenos contra o princípio da solidariedade. Como aposta na divisão entre os funcionários, sinaliza até com o ‘aperfeiçoamento’ do princípio. Na prática, no entanto, não defende tratamento igual entre todos. Como não poderia faltar, compara o plano com o dito mercado. “O diretor Neri, óbvio, não está sozinho. É o ventríloquo da diretoria do BB. Dissemina a divisão. Mas, os funcionários não são bobos. Na verdade, querem que o BB assuma responsabilidade, invista sua real parte na Cassi”, observa a diretora Elisa Ferreira.
11/05/2015
Cassi sustentável exige novo modelo de custeio
Banco do Brasil