Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostra que a categoria bancária sofreu forte redução no período de 1990 a 2019: passando de 752 mil para 455 mil trabalhadores. Entre 2013 e 2021, foram fechados 77 mil postos de trabalho.
De janeiro de 2021 a abril deste ano, no entanto, aumentou o número de admitidos. Em 2021, 6.883 admitidos: nos quatro primeiros meses de 2022, 3.195 admitidos. O que explica esse saldo positivo na geração de emprego na categoria? 1) contratações na Caixa Federal, por ordem judicial de convocação de aprovados em concurso de 2014; e 2) ampliação da contratação de trabalhadores em ocupações nas áreas de TI.
Onda de demissões voluntárias: O fenômeno chegou ao Brasil, após a pandemia. Mais de 600 mil trabalhadores brasileiros deixaram o emprego em março deste ano; nos Estados Unidos foram 4,5 milhões de norte-americanos. Na categoria bancária, neste ano, 5.367 desligamentos a pedido.
O Dieese aponta três hipóteses para as demissões voluntárias: 1) flexibilidade de mudanças promovidas pelo home office; 2) migração de trabalhadores para bancos digitais, fintechs e corretoras de valores; 3) esgotamento dos trabalhadores por conta de pressões por metas abusivas.
Terceirização
Novos modelos que potencializam os resultados dos bancos: 1) correspondentes bancários; 2) empresas do conglomerado em atividades não bancárias: 3) Agentes Autônomos de Investimentos (AAI)*; 4) atuação dos bancos em fintechs.
No período de 1990 a 2019, cresceu o número de emprego no ramo financeiro, passando de 790 mil vínculos para 958 mil vínculos. “Entre 2013 e 2021 foram criados mais de 169 mil postos formais de trabalho no ramo financeiro (exceto bancários)”, segundo o Dieese.
Avanço das fintechs: Atualmente são mais de 1.000 atuando no país; 36% são empresas de Meios de Pagamento; cerca de 60 mil trabalhadores vinculados; menos de 10% estão regulamentadas pelo Banco Central (BC).
Santander precarizado: No Brasil, o Santander intensifica a terceirização; na Espanha adota o caminho inverso. No dia 1º de janeiro deste ano, “o banco promoveu a terceirização da área de tecnologia ao transferir todos os funcionários para a F1RST, empresa do próprio conglomerado”, observa o Dieese. A manobra do Santander retirou os trabalhadores da representação dos sindicatos bancários e da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Opinião: Os sindicatos sempre manifestaram disposição em discutir e negociar as mudanças dentro do ramo financeiro com a Fenaban. O conteúdo do trabalho, as rotinas, as ferramentas e os conhecimentos exigidos são similares no sistema. “É preciso, no entanto, regular as diversas atividades no ramo financeiro para garantir direitos. Os sindicatos hoje representam basicamente os bancários e financiários, quando poderiam representar todos os trabalhadores inseridos no ramo. Essa é uma das bandeiras de luta da categoria”, avalia a presidente do Sindicato, Stela, que participou da segunda rodada de negociação realizada no dia 27 de junho. (AAI)* Cabe destacar alguns pontos sobre os AAI: trabalham como autônomos PF ou como PJ, não tem jornada e salários definidos e trabalham em regime de exclusividade. Em março deste ano, o número de AAI ampliou para 19.503, aumento de 222%; em 2012, totalizava 7.757.