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O Bancário
Na rodada de negociação realizada no dia 24 de setembro, a Fenaban (Federação Nacional de Bancos) propôs 7,5% de reajuste, insignificante aumento real e nenhuma mudança na regra da PLR. O que levou os bancos a encerrar abruptamente o processo? Não compreenderam os sinais da categoria, emitidos nas paralisações parciais e na greve de 24h? Não acreditaram na mobilização dos bancários?
Afonso Lopes da Silva
– Os bancos confiaram muito que ao repor a inflação do período e acrescentar um mísero aumento real (a inflação acumulada no período foi de 7,15%), o acordo seria assinado. Ledo engano. O Comando rejeitou a proposta de imediato porque não refletia a rentabilidade do setor, o aumento real era insignificante, não valorizava os pisos e não mudava a regra da PLR. Na verdade, os banqueiros não acreditaram na disposição de luta da categoria, na sua histórica resistência diante de um quadro adverso. Não acreditaram que a mobilização estava forte tanto nos bancos públicos quanto nos privados. Erraram feio
O BancárioA greve quebrou a intransigência dos bancos. Quais fatores contribuíram para que o movimento começasse e continuasse forte em Campinas e Região?
Silva
– Os banqueiros jogaram um balde de água fria na cabeça da categoria. Durante as negociações, os bancários esperavam uma proposta decente, digna, que refletisse a saúde financeira dos bancos. Isso do ponto de vista salarial. Essa era a ponta do iceberg. Como os números foram baixos, emergiu o descontentamento frente às condições de trabalho. Veio à tona a insatisfação contra as inatingíveis metas, assédio moral e o crescente aumento do volume de serviços. Na greve os bancários deram um basta para tudo isso. Resgataram a dignidade. Sem dúvida, por essa os bancos não esperavam. Durante todo o ano os banqueiros forneceram o ‘combustível’. Aliás, não entendem que o bancário quer trabalhar, quer contribuir pelo crescimento da instituição, porém não querem ser explorados, esfolados diariamente.
O Bancário Qual a sua avaliação dessa longa greve?
Silva
– Realmente foi a greve mais longa da categoria, comparando com a história recente da categoria – em 2004, foram 13 dias assim como em 1990; em 1996 foram nove dias, a exemplo de março de 1987. Neste 2008, foram 15 dias (na Caixa Federal foram 16 dias). Ao contrário de outras greves, a deste ano envolveu todos os bancários, sejam públicos ou privados, em todo o país. E todos seguiram as orientações do Comando, claro que adaptando à realidade de cada sindicato. Inclusive neste ano as cidades da região de Campinas fortaleceram ainda mais o movimento. Cabe destacar o papel dos diretores do sindicato, o apoio de diretores de outros sindicatos e, principalmente, os próprios bancários. O sindicato fornecia os kits da greve e ninguém fazia corpo mole. Em algumas agências não chegaram os kits e mesmo assim a greve aconteceu. O movimento foi forte também porque derrotamos os bancos nos tribunais. O Departamento Jurídico do sindicato conseguiu derrubar várias liminares de interditos proibitórios, em todas as instâncias da Justiça. Bradesco, Real, Unibanco, dentre outros, viram que o recurso usado para preservar o patrimônio não serviu para impedir uma greve que sempre foi pacífica. Deram com os burros n’água e o direito de greve, garantido pela Constituição, foi assegurado.
O BancárioQuais os impactos da recente crise financeira mundial?
Silva
– A crise começou nos bancos dos Estados Unidos e em seguida na Europa e já atinge a economia real, a produção. Inclusive as centrais sindicais querem discutir com o governo federal medidas que protejam o emprego e a renda dos trabalhadores e o nosso sindicato pretende promover um seminário sobre o tema.
Especificamente sobre a campanha salarial, nossa luta foi para garantir um acordo que distribuísse entre os bancários parte dos lucros dos bancos, que só cresceram nesses últimos nove meses. Até setembro, a crise não afetou a rentabilidade. Portanto, nada mais justo que a categoria assegurasse seu pedaço nesse imenso bolo. Mas os banqueiros, no início, não quiseram nada disso. Apenas usaram a crise como desculpa, tentando jogar a opinião pública contra a nossa greve. Porém, foram derrotados novamente. Ninguém acreditou nesse discurso. A crise é real, mas os bancos poderiam como puderam pagar mais a seus trabalhadores.

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