A famigerada política do “toma lá, dá cá”, tão negada pelo presidente Jair Bolsonaro, prevaleceu. Na guerra pelo poder no Congresso Nacional não faltaram munições de grosso calibre (cargos e verbas).
Nas “casas do povo”, nas “casas” de leis, lambança geral; uma farra, uma ação entre amigos. Fora, mais de 225 mil vidas perdidas para a Covid-19, incluindo os brasileiros mortos por asfixia, por falta de oxigênio. Começou em Manaus e pode se expandir para o país. Afinal, não dá para confiar no general que comanda o ministério de Saúde, que cumpre tão somente ordens do presidente da República, Jair Bolsonaro. Diga-se, de passagem, no início da pandemia do novo coronavírus, o capitão reformado avaliou que era apenas uma “gripezinha”; quanto à segunda onda, apenas uma “conversinha”.
Os novos donos do poder no Congresso Nacional – Arthur Lira (PP-AL) na Câmara e Rodrigo Pacheco (DEM-MG) no Senado – podem facilitar a votação de pautas autoritárias do governo federal, podem impedir até a instauração do processo de impeachment do presidente Jair Bolsonaro, que tentou um autogolpe em 2020 e ameaçou fechar o Congresso, dentre outros crimes de responsabilidade.
O que Fazer? Os trabalhadores, os movimentos sociais, os cidadãos comprometidos com os valores de uma sociedade democrática, têm decisivo papel na construção de um Congresso independente, não atrelado ao poder Executivo. É hora de pressionar, protestar, bater panelas, participar de carreatas (mantendo o distanciamento social), exigir dos parlamentares medidas para debelar a gestão caótica do país, a crise sanitária.
No lugar do compadrio, retomada do auxílio emergencial para as pessoas vulneráveis, ações para impedir o aumento da desigualdade, do desemprego e, consequentemente, alavancar a economia do país. E mais: reforma tributária que “não se limite à mera simplificação de tributos, mas que resulte num novo sistema tributário, fundado na justiça fiscal, solidariedade social, promoção da saúde e sustentabilidade ambiental”, como propõe carta aberta aos parlamentares assinada por várias entidades; entre elas, a CUT.
Já a categoria bancária tem mais uma tarefa: colocar na pauta do Congresso a defesa dos bancos públicos, alvo constante do governo federal. Qualquer proposta rumo à privatização tem que passar nas duas “casas do povo”. Portanto, o jogo é de forças. Não podemos abrir mão. Mobilização já, com apoio da sociedade. Enquanto é tempo.
A Diretoria