
As mulheres representam 52% da população brasileira. Mesmo sendo maioria e com maior nível de escolaridade, as mulheres têm menos oportunidades no mercado de trabalho, menor progressão na carreira em relação aos homens; e, em períodos de crise, são as primeiras a serem demitidas e as últimas a serem recontratadas, com salários menores. Além disso, sofrem assédio moral e sexual.
Oportunidades e igualdade
Dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), até o quarto trimestre de 2021, revelam que mulheres com 14 anos ou mais de idade representam apenas 43,8% do total de pessoas na força de trabalho e 41,6% entre o total de ocupados e ocupadas. Por outro lado, entre as pessoas desocupadas as mulheres representam 52,2% e, entre as pessoas fora da força de trabalho, são 64,2%.
Segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a situação só piorou. A recessão em 2015 e 2016, seguida de baixo crescimento nos três anos seguintes, restabeleceu e aprofundou características como alta taxa de desemprego, crescente informalidade, desigualdade de oportunidades e aumento do número de pessoas subutilizadas da força de trabalho, aponta o estudo sobre mercado de trabalho feminino feito pela coordenadora do Dieese Nacional, Patrícia Pelatiere, e pela técnica da subseção do Dieese da CUT Nacional, Adriana Marcolino. “Mesmo em ciclos de crescimento econômico a desigualdade entre mulheres e homens se mantém estável porque ela é estrutural”, explica a técnica. Segundo ela, para complicar, “ainda há o preconceito de que mulher engravida, deixa de trabalhar para cuidar dos filhos e, claro, há o machismo que elas enfrentam para conseguir evoluir na carreira”.
De acordo com pesquisa do IBGE, em 2019, a participação das mulheres sem filhos na força de trabalho era 35,2% maior em relação à participação daquelas com filhos. Ao contrário, os homens que têm filhos não enfrentam nenhuma desvantagem.
O que deve ser feito
As primeiras medidas a serem tomadas para mudar este cenário de desigualdade e preconceito com as trabalhadoras, em especial as grávidas ou nas chamadas ‘idades férteis’, é a ampliação dos horários de atendimento das creches, o aumento no número de vagas disponíveis no mercado de trabalho para as mães trabalhadoras e o fim das demissões após o término da licença maternidade, pontua Adriana Marcolino.
“Os horários de atendimento das creches não são compatíveis com os horários em que essas mães saem do trabalho, o que acaba provocando mais demissões”, diz a técnica, que critica outra política muito comum das empresas que é demitir a mulher quando ela volta da licença maternidade. “É preciso uma política de estabilidade maior no emprego para que as mulheres possam readequar suas vidas ao trabalho”, diz.
Outra política pública defendida pela técnica do Dieese para que as mulheres tenham mais oportunidades no mercado de trabalho, é a criação de empregos emergenciais com percentuais reservados a elas.
Fonte: CUT e Contraf-CUT