As metas abusivas abriram a primeira rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban, no último dia 8, em São Paulo. Para o Comando é preciso construir uma solução para o problema. “É fundamental regular, criar regras para a comercialização de produtos e serviços. A cobrança de metas, desenfreada como é hoje, adoece o trabalhador bancário, que elegeu o fim do problema como prioridade número um na Campanha deste ano”, destaca o presidente do Sindicato, Jeferson Boava, que integra o Comando. Segundo ele, de um total de 37.097 bancários que responderam a Consulta Nacional realizada em maio último, 24.645 querem o fim das metas abusivas. Para a Fenaban, as metas seguem orientações técnicas universais para que sejam eficientes e que não é possível os sindicatos discutirem o modelo de gestão, pois é estratégico para cada banco. O Comando e a Fenaban retomaram o processo de negociação na sexta-feira, dia 9, que teve como tema Saúde e Condições de Trabalho. A Fenaban negou todas as reivindicações.
No primeiro dia da primeira rodada, para deixar claro que as péssimas condições de trabalho adoecem a categoria, o Comando apresentou dados do INSS: em 2012, 21.144 bancários foram afastados do trabalho por adoecimento, dos quais 25,7% com estresse, depressão, síndrome de pânico, transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% se afastaram em razão de lesões por esforços repetitivos (LER/Dort). E somente nos primeiros três meses deste ano, 4.387 bancários já haviam se afastado por adoecimento, sendo 25,8% por transtornos mentais e 25,4% por LER/Dort. E mais: na citada Consulta Nacional, 18% declararam ter se afastado do trabalho por motivos de doença nos 12 meses anteriores; 19% disseram usar medicação controlada; e 58,2% pedem o combate ao assédio moral.
Insegurança persiste
No debate sobre segurança, o Comando destacou o conceito da proteção da vida das pessoas. Na citada Consulta, 27,4% assinalaram a falta de segurança contra assaltos e sequestros. No primeiro semestre deste ano, 30 pessoas foram mortas em assaltos envolvendo bancos, conforme pesquisa nacional da Contraf-CUT e Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), com apoio do Dieese. O número de sequestros também cresceu assustadoramente. Nos últimos sete dias, segundo levantamento do Comando, dez bancários foram vítimas nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Pernambuco e Pará, atingindo gerentes e tesoureiros, trabalhadores que levam as chaves do banco para casa. Em respeito aos bancários mortos em decorrência das más condições de trabalho, os integrantes do Comando usaram fitas pretas.
Mobilizar para garantir direitos
O embate com os banqueiros exige mobilização. Não existe outro caminho, como já ficou evidente nos últimos 10 anos, “A pauta de reivindicações da categoria está na mesa. Porém, não basta apresentar quais são os anseios dos bancários. É decisivo a participação de todos os trabalhadores, sejam de bancos privados ou públicos”, conclama Jeferson Boava.
Rodada: A segunda rodada de negociação com a Fenaban está marcada para os dias 15 e 16. Na pauta, emprego.
BB: rodada neste dia 14. Tema: Saúde e Condições de Trabalho.
13/08/2013
Metas abusivas abrem negociação da Campanha. Fenaban nega tudo
Campanha Salarial 2013