Manter a estrutura física das duas bandeiras praticamente intacta é quase uma obsessão para o Itaú Unibanco.
Sempre que questionada, a instituição repete a mesma resposta: não
haverá fechamento de unidades. Sustentam essa decisão a ideia de que o
público de cada agência “é diferente” da unidade vizinha e a visão de
que a redução seria prejudicial ao atendimento e levaria à perda de
clientes.
Oficialmente,
o banco diz não pensar nem mesmo em adequar as unidades muito próximas
entre si. Não existe um cálculo de sobreposição de agências, mas é
possível ter uma ideia. Levantamento do sindicato dos bancários feito
com base nos dados do Banco Central aponta, só na cidade de São Paulo,
a ocorrência de 110 casos de unidades no mesmo logradouro, dentre as
quase 900 agências paulistanas das duas bandeiras, em números de
novembro. Só na avenida Paulista são 12 unidades (seis de cada) muito
próximas entre si.
Os
casos se repetem por toda a cidade. Há unidades que funcionam em
complexos comerciais, como o Centro Empresarial, na zona sul, ou em
shoppings centers, em que o endereço é rigorosamente o mesmo. O
sindicato nem leva em conta as unidades que não se encontram no mesmo
logradouro mas estão em ruas próximas, reforçando a superestrutura em
vários pontos da cidade.
Tal
quadro deve ficar mais evidente com a chamada “virada” de bandeira, o
processo de transformar agências do Unibanco em Itaú. Foi feita uma
experiência-piloto em 2009: 15 agências do Unibanco foram “viradas”
para teste. A instituição considerou o resultado bem-sucedido e planeja
promover a conversão de em média 150 unidades por mês em 2010 para
concluir o processo até o fim do ano.
Ricardo
Marino, diretor de pessoas da instituição, revela que o banco já está
avaliando a necessidade de expansão e se prepara para contratar em
áreas específicas. Deverão ser reforçados os segmentos premium (as
agências “vip” Uniclass e Personnalité) e de atendimento a empresas,
além dos segmentos de crédito ao consumidor e cartões. O banco tem
intenção de atrair “profissionais experientes”.
Agora
em janeiro começam a trabalhar os 105 novatos selecionados no programa
de trainee do Itaú, o mais disputado do sistema financeiro, segundo
Marino. Ele afirma que 35 mil candidatos de todo o país entraram na
seleção. Existe ainda um programa permanente para contratação de
estagiários.
O banco
também deve abrir novas agências para ficar mais perto do público, que
cresce na medida em que a bancarização da população avança. A
concorrência vem tendo a mesma ideia. Embora seja o maior banco do
Estado de São Paulo depois que comprou a Nossa Caixa, o Banco do Brasil
ainda tem participação restrita na capital paulista e deve abrir
pequenas agências nos centros comerciais de várias regiões da cidade.
Sem contar as unidades da Nossa Caixa, o BB abriu 330 agências ao longo
de 2008 em todo o país e manteve a iniciativa em 2009.
O
Bradesco projeta abertura de mais 200 unidades de atendimento ao púbico
em 2010, com investimentos de R$ 800 mil a R$ 1 milhão por agência,
revelou o vice-presidente Domingos Figueiredo de Abreu ao comentar os
resultados do banco no terceiro trimestre. Na última semana de 2009, o
Bradesco inaugurou 28 unidades em apenas três dias.
Interessado
em profissionais mais qualificados, o Itaú Unibanco está promovendo uma
série de treinamentos e buscando novos quadros. No fim de 2009 o banco
realizou um “road show” de três meses por Europa e Estados Unidos com o
objetivo de recrutar os melhores MBAs em finanças, brasileiros ou não,
mas que falem português, para a criação de um “banco de talentos”.
Na
opinião do diretor, a iniciativa faz parte do projeto de se tornar não
só um banco grande, mas também uma empresa com práticas modernas.
Tradução: uma instituição muito competitiva.